Ana
Eu ainda estava sentada na calçada, o rosto enterrado nas mãos, tentando segurar um choro que não acabava nunca. A cena do prédio desmoronando na minha frente parecia rodar em looping na minha cabeça, como se fosse um pesadelo do qual eu não conseguia acordar. Pessoas corriam, bombeiros gritavam ordens, vizinhos choravam agarrados uns aos outros. E eu, com a minha mala pequena e a vida inteira espremida dentro dela, parecia uma figurante perdida no meio do caos.
Respirei fundo, engoli o soluço e passei a mão no rosto molhado. Não adiantava nada ficar ali me desmanchando. O mundo não ia parar pra me dar colo. Eu tinha que me virar. Sempre tive.
Levantei devagar, sentindo as pernas bambas, e puxei a mala com força. Não fazia ideia de pra onde ir, mas sabia que precisava pensar rápido. Minha cabeça latejava. Eu queria simplesmente me jogar numa cama e esquecer o mundo, mas… bem, não existia cama nenhuma agora.
E então lembrei: o dinheiro.
A quantia que Lex tinha pago pelos dias como