Ana
O barulho veio primeiro. Um estalo seco, profundo, que fez o chão vibrar sob meus pés. Depois, outro, mais alto, como se as paredes gemessem. Eu congelei no meio da calçada, olhando pro prédio onde morei os últimos anos. Era como se ele respirasse fundo antes de morrer.
— Saiam de perto! — um bombeiro gritou, correndo e abrindo os braços para afastar a multidão.
Mas já era tarde. A fachada do prédio tremeu inteira e, de repente, pedaços enormes de concreto começaram a despencar, se chocando no chão com estrondos que fizeram meu coração quase pular pela boca. Todo mundo gritou ao mesmo tempo, um coro desesperado que ecoou pela rua.