Ana
O carro parou na frente do meu prédio, mas, em vez do silêncio familiar da rua, encontrei uma cena de filme de desastre.
As luzes vermelhas e azuis piscavam sem parar, refletindo no asfalto molhado. Um caminhão de bombeiros ocupava metade da calçada, e uma multidão se espremia atrás da fita amarela que isolava a entrada.
Meu coração disparou antes mesmo de entender o que estava acontecendo. Abri a porta do táxi tão rápido que quase tropecei no meio-fio. O motorista me chamou, provavelmente pra pedir o pagamento, mas eu já corria, ignorando tudo, com a bolsa balançando no ombro.
— O que tá acontecendo?! — minha voz saiu mais alta do que eu queria, mas ninguém me ouviu.
A cena era um caos completo: vizinhos abraçados chorando, bombeiros entrando e saindo carregando caixas encharcadas, o cheiro de fumaça misturado com cheiro de mofo. Mais à frente, a dona do meu prédio, estava sentada numa cadeira improvisada, com um cobertor nos ombros. Uma enfermeira tentava acalmá-la, mas ela tre