Ana

As hélices ainda zuniam nos meus ouvidos quando meus pés tocaram o chão da cidade. Eu segurei a alça da bolsa com tanta força que minhas unhas quase rasgaram o couro.

O vento do helicóptero ainda rodopiava ao meu redor, bagunçando meu cabelo, mas dentro de mim já estava tudo bagunçado antes mesmo de descer daquela máquina.

Eu não olhei pra trás. Não podia. Se eu desse um segundo de fraqueza, se virasse o rosto e encarasse Lex de novo, talvez eu implorasse pra ficar. E eu não podia implorar. Não depois do que ele tinha acabado de dizer, com aquela calma cruel que parecia um soco no estômago.

“Está demitida, Ana.”

Tão simples. Tão frio.

Como se eu fosse só mais uma funcionária qualquer.

A palavra “demitida” latejava na minha cabeça a cada passo que eu dava em direção à rua. Eu tinha imaginado que tudo isso acabaria quando eu decidisse dar um que, que eu daria a última palavra, imaginei que discurso de adeus eu faria pra Lex se precisasse, ir embora… mas quando saiu da boca dele,