Ana

Acordei no dia seguinte achando que Lex já tinha ido trabalhar. Ele sempre saía cedo, tipo antes do sol decidir se acordava ou não.

Mas quando abri os olhos, ele ainda estava ali, sentado na beira da cama, mexendo no notebook.

— Ué… — murmurei, com a voz toda arranhada. — Você não foi?

Ele me olhou por cima do computador e abriu um sorriso lento, daquele que parecia derreter todo o ar do quarto.

— Hoje eu vou trabalhar em casa.

— Sério? — perguntei, ainda meio zonza.

— É. — Ele fechou o notebook como quem termina uma decisão importante. — Já que você não vai viajar comigo… eu quero ficar com você nesses dois dias antes de ir. Inteiros. Grudado. Do jeito que eu gosto.

Tá.

Foi aí que meu coração fez um *tum* tão forte que eu quase pedi um desfibrilador.

Mas junto com o derretimento veio outra coisa: a lembrança do terceiro andar.

Do meu plano.

Da investigação que agora estava completamente ferrada porque, se ele ia passar dois dias grudado comigo, eu não ia conseguir subir nem pro c