O café parecia mais silencioso do que realmente era. Cada som – o tilintar de xícaras, o zumbido das conversas ao redor, os passos dos empregados – parecia distante, como se o tempo tivesse abrandado para deixar espaço à verdade que estava prestes a ser dita.
Neide pousou a chávena com um ligeiro tremor e olhou de relance à sua volta, os olhos cheios de receio.
— Eu trabalhei com o Dário durante três anos — começou, a voz baixa e firme. — Era assistente administrativa na empresa dele. Durante muito tempo, achei que ele era apenas um chefe exigente. Mas comecei a ver coisas… documentos falsificados, assinaturas forjadas, contratos manipulados para desviar fundos. Ele usava empresas-fantasma para lavar dinheiro.
Luna arregalou os olhos. Mel engoliu em seco.
— E por que não denunciaste? — perguntou Mel, tentando manter a calma.
Neide hesitou. — Tentei. Falei com um auditor externo. Ele desapareceu. Poucos dias depois, recebi uma carta de demissão e ameaças veladas. Fotografias minhas, da