A luz suave do fim da tarde desenhava silhuetas longas no quarto de Mel. Sentada na cama, ela observava Luna, que passeava de um lado para o outro, com o telemóvel numa mão e um caderno de anotações na outra.
— Se vamos fazer isto direito, temos de ser discretas — disse Luna, baixando o tom de voz como se as paredes tivessem ouvidos. — A Neide, aquela antiga funcionária da empresa do Dário, respondeu à minha mensagem. Quer encontrar-se connosco amanhã.
Mel assentiu, mordendo o lábio. — E se for uma armadilha?
— Por isso mesmo vamos marcar o encontro num lugar público, movimentado. O café do Centro Cultural Franco, por exemplo. Gente suficiente para nos sentirmos seguras, e ainda podemos fingir que estamos só a conversar sobre arte.
Mel suspirou, sentindo o peso de cada passo que estavam prestes a dar. Era estranho pensar que agora tinha de se proteger de alguém que, um dia, prometeu protegê-la do mundo.
— E o Alessandro? — perguntou, quase num sussurro.
Luna parou, olhando para a amig