A sala onde o encontro ia decorrer era simples, discreta. Clara tinha arranjado o espaço através de uma amiga numa ONG de apoio à vítima. As janelas estavam tapadas com cortinas grossas, e na porta de entrada havia um segurança de confiança. Tudo tinha sido preparado com cuidado.
Mel respirou fundo antes de entrar. O calor no peito era uma mistura de nervosismo e responsabilidade. Aquela seria a primeira vez que reunia presencialmente algumas das mulheres que a tinham procurado desde a denúncia.
Ao seu lado, Luna apertava-lhe a mão. Alessandro ficou do lado de fora, a garantir que tudo corria bem, enquanto Clara organizava os últimos detalhes.
Dentro da sala, quatro mulheres já estavam sentadas. Os rostos denunciavam histórias diferentes, mas havia um traço comum em todas: olhos marcados por memórias pesadas e, agora, por esperança.
Uma delas, Raquel, tinha viajado desde Inhambane para estar ali. Olhava para Mel com uma admiração quase tímida.
— Nunca pensei que alguém com a tua corag