A manhã começou cedo demais para quem quase não dormiu.
Lívia desceu para o saguão com o crachá pendurado no pescoço e uma pasta de anotação nas mãos. A postura era impecável; a alma, nem tanto.
O cheiro de café fresco se espalhava pelo ambiente, e o barulho de conversas corporativas preenchia o espaço como um pano de fundo distante. Mas nada disso tocava nela. Era como se estivesse atravessando o mundo dentro de um vidro — presente, mas isolada.
Vicente estava sentado em uma das mesas, já revisando documentos. Quando viu Lívia, sorriu com uma gentileza que, naquele momento, bateu diretamente no coração dela.
— Dormiu bem? — perguntou ele.
Ela deu um pequeno sorriso, quase automático.
— Nem tanto. E você?
— O suficiente para não desmoronar no meio da reunião. — brincou ele, leve.
Ela sentiu o corpo relaxar um pouco. Vicente tinha essa habilidade: tornava as coisas menos pesadas sem precisar forçar nada.
— Pronta? — ele perguntou, levantando-se.
— Sempre. — ela respondeu, ajustando a p