O quarto do hotel tinha uma luz quente e silenciosa que parecia abraçar o espaço inteiro, mas não abraçava Lívia. Ela entrou devagar, fechando a porta com cuidado, como se qualquer movimento brusco fosse fazer a saudade escorrer pelos dedos.
Largou a mala no canto e respirou fundo, tentando se ancorar em algo que não fosse o vazio que se instalou no peito desde que o avião pousou.
Era a primeira vez que passava uma noite longe de Rafael desde que eles se assumiram um para o outro. E o corpo dela estranhava a ausência como se tivesse perdido uma parte própria.
A cama era grande demais.
O quarto era bonito demais.
O silêncio, alto demais.
Ela tirou os sapatos, abriu a cortina e ficou olhando a cidade lá embaixo — uma cidade viva, cheia, acesa… enquanto dentro dela tudo parecia esvaziado.
Pegou o celular com a mão ainda trêmula.
Nada dele.
Não era culpa.
Era só vida acontecendo do lado de lá —
a vida que estava pesada demais para ele carregar sozinho.
Mesmo assim, doeu.
Ela abriu a conve