A noite caiu com aquela tranquilidade que só existe quando o destino já fez as pazes com duas pessoas. O carro seguia pelas ruas iluminadas, e o silêncio entre eles não era desconforto — era aconchego. Era o silêncio de quem sabe que não precisa preencher espaço para existir ao lado do outro.
Depois da conversa sobre Clarice, depois das verdades rasgadas, depois da transparência finalmente estabelecida, um alívio novo parecia morar dentro de Lívia. Ela virou o rosto discretamente e estudou o perfil de Rafael ao volante: concentrado, bonito, sereno.
Um homem que ela amou.
Um homem que ela perdeu.
Um homem que ela reencontrou.
E agora, um homem que ela escolhia.
Ele percebeu o olhar.
— O quê? — perguntou, sorrindo de canto.
— Nada. — ela disse, com humor leve. — Só estou… calibrando o novo namorado.
Rafael riu, e aquilo provocou nela aquele quentinho familiar no peito.
— Estou dentro dos padrões? — ele provocou.
— Ainda vou ver se passa na auditoria. — ela respondeu, cruzando os braços