As histórias não deixavam a Constela quando os autores iam embora.
Ficavam.
Nos cadernos, nos murais, nas xícaras com chá esquecido.
Ficavam nas conversas não ditas entre um e-mail e outro.
Ficavam no peito de cada um da equipe, como semente que insiste em germinar.
E, aos poucos, começaram a pesar.
Mariana foi a primeira a sentir.
Começou a ter dificuldade de dormir depois da história da Dona Benedita.
Não por causa do que ouvira — mas por tudo que isso revirava nela.
— Eu fico pensando… — disse ela numa manhã nublada — se estou ouvindo os outros só pra não escutar a mim mesma.
Aurora ergueu os olhos devagar.
— Como assim?
— Eu passo os dias mergulhada em histórias de vida, dores, saudades... e quando volto pra casa, não sei quem sou fora disso tudo.
— Você acha que está se apagando?
— Não sei.
Talvez me confundindo.
Ou me deixando levar.
Não sei onde termina a dor dos outros e começa a minha.
Davi, por outro lado, começou a se isolar.
Parou de tocar violão nas pausas do café, como f