O envelope chegou dobrado ao meio, como se o vento tivesse ajudado a empurrá-lo até a sede da Constela.
Não havia selo nem nome de remetente. Apenas um pedaço de fita lilás prendendo uma folha escrita à mão, com caligrafia firme e impaciente.
Aurora encontrou o envelope jogado sob o tapete da porta da frente, junto com panfletos e um catálogo de papel reciclado.
Abriu por instinto.
E então leu, em silêncio.
"Se vocês só publicam quem já foi ouvido antes, talvez eu nunca tenha chance."
"Se só contam histórias sobre vitórias, não vão querer a minha."
"Mas se ainda sobrar espaço pra alguém como eu, então escutem isso:"
"Me chamo Isis. Tenho 17 anos. E escrevo como quem grita, porque ninguém nunca parou pra ouvir quando eu falava baixo."
Aurora fechou a folha com um movimento leve, quase como quem segura um segredo precioso.
No verso, havia o título de um conto:
“Toda vez que tropeço, aprendo a dançar um pouco melhor.”
A história contada por Isis era crua, linda e desconfortável.
Falava d