Era uma manhã fria quando Aurora chegou à editora e encontrou um envelope pardo sobre sua mesa. Sem remetente. Sem logo. Apenas o seu nome escrito à mão, com caligrafia trêmula.
Ela abriu com cuidado. Dentro, uma carta manuscrita em folhas dobradas. Começava direto, sem saudação:
*“Eu também estive na Casa Azul.
Li o livro da Lia. Chorei. Tive pesadelos.
Mas depois de respirar... algo não me saiu da cabeça.
Tem coisas que ela esqueceu de contar. E outras que ela escondeu de propósito.”*
Aurora gelou.
Leu o restante de uma vez só.
A autora da carta, que se identificava apenas como "A. M.", dizia ter sido interna da Casa Azul no mesmo período que Lia. Contava que reconhecia as dores descritas, os castigos, o medo, as noites longas no quarto escuro. Mas afirmava que Lia não havia sido apenas vítima — e sim, em alguns momentos, também algoz.
“Ela era uma das líderes internas, sabe? Aquelas que os funcionários colocavam como ‘referência’.
Ela organizava castigos extras. Pressionava outras