O portão automático da pequena casa de Davi se abriu devagar, rangendo como se sentisse o peso do momento. Aurora carregava apenas uma mala e o coração acelerado, como se fosse a primeira vez ali.
A cidade parecia menor depois de Paris. Mas a casa dele… ainda era um universo inteiro.
Ela subiu os dois degraus da varanda e parou.
A porta estava encostada.
Aurora hesitou. Depois bateu, delicadamente.
— Tá aberta — ele respondeu de dentro.
A voz era a mesma, mas carregava algo novo. Ou talvez fosse ela quem tivesse mudado o suficiente para notar.
Ela entrou.
O cheiro familiar de café com canela, os quadros tortos na parede, a pilha de livros na poltrona. Nada havia mudado — exceto o fato de que agora aquilo parecia ao mesmo tempo tão próximo e tão distante.
Davi estava de costas, mexendo em alguma coisa na cozinha. Quando se virou, a expressão dele foi um retrato vivo da confusão: surpresa, alívio, medo, amor.
— Você voltou — ele disse, como se não tivesse certeza se era sonho.
— Eu volt