Era outono outra vez.
Aurora caminhava pela praça como quem procura por si mesma em meio ao som seco das folhas no chão. A brisa tinha cheiro de mudança, mas ela ainda não sabia que tipo de mudança estava prestes a atravessar sua vida.
Quando chegou em casa, encontrou a mãe parada na porta com o celular na mão, o rosto sério.
— Aurora... alguém te procurou.
— Quem?
— Uma mulher... do hospital central. Disseram que encontraram um documento com seu nome entre os contatos de emergência de um rapaz.
O mundo parou.
— Quem?
— O nome dele é Davi.
Aurora sentiu o ar sumir dos pulmões.
— O quê aconteceu?
— Um acidente. Bateu a cabeça. Está estável... mas... perdeu a memória.
Aurora saiu correndo. Pegou um ônibus para o hospital com as mãos tremendo, o coração disparado e as lembranças de Davi girando como um furacão. Ele havia voltado? Por quê? Quando?
Nada fazia sentido, a não ser uma coisa: ela precisava vê-lo.
Chegou na recepção ofegante, com os olhos ardendo de ansiedade e medo. Subiu as e