O domingo amanheceu com cheiro de promessa.
Aurora acordou mais cedo que o normal, mesmo sem despertador. A claridade filtrava-se pelas frestas da janela como um convite. Sentia-se leve, como se parte do peso que carregava tivesse sido dividido. Talvez porque, pela primeira vez em muito tempo, não estivesse sozinha dentro da própria cabeça.
No celular, nenhuma mensagem nova de Davi. Mas, diferente dos dias anteriores, ela não sentiu pânico. Sabia que ele precisava de tempo. E que, agora, ele sabia que ela estaria ali quando ele voltasse.
Ainda assim, o dia seguiu estranho.
Durante o café da manhã, o pai de Aurora fez comentários sobre suas notas — bons, mas com aquele tom sutil de crítica. A mãe parecia distante, preocupada com um problema do trabalho. O assunto em casa era sempre tudo, menos ela.
Ela pensou em Davi e nas palavras dele: “Eu só quero ser visto. Só isso.”
E percebeu que talvez ela também quisesse o mesmo.
Na segunda-feira, algo estava fora do lugar. A escola parecia mai