O tempo não cura tudo, mas o cotidiano às vezes finge que sim.
Era estranho como, mesmo depois de tudo, Luna voltava aos mesmos caminhos. A entrada da faculdade, agora com novos rostos e outros olhares. A sala de aula, o barulho do teclado, as reuniões técnicas com a equipe reduzida. Kelvin tinha sido substituído. Marcos e Lucas expulsos. Isadora apagada do grupo. E, mesmo assim, o projeto seguiu em frente — com ela ali, firme.
Só que Luna já não era mais a mesma.
As cicatrizes ainda estavam frescas, mas ela havia decidido que não deixaria ninguém mais contar sua história por ela.
— Quer apresentar o próximo módulo? — perguntou a nova supervisora do grupo, uma engenheira da empresa chamada Carla.
Luna hesitou, depois assentiu.
— Quero sim.
Era sua primeira fala em público desde o escândalo. O coração batia acelerado, as mãos tremiam. Mas ela se levantou, abriu a apresentação no telão e encarou a turma com uma calma que surpreendeu até a si mesma.
— O algoritmo de detecção de p