O silêncio depois do soco pesava na sala como aviso de tempestade. Mariana respirava rápido, uma mão apoiada no encosto do sofá e a outra no peito, como se tentasse impedir o coração de rachar ao meio.
Gabriel estava parado, ombros tensos, punhos ainda fechados, a respiração descontrolada de quem segurou dor demais por tempo demais. Matheus, com o canto da boca tingido de vermelho, ergueu-se devagar. Não revidou. Não gritou. Não se defendeu. Apenas olhou para Gabriel e depois para Mariana. E aquilo doeu mais do que qualquer soco poderia.
Foi então que um ruído suave ecoou do andar de cima. Um gemido, o som de uma criança mexendo na cama. Mariana imediatamente se moveu, guiada pelo instinto.
— Eu vou ver o Gui… — murmurou, a voz falha.
Mas, antes que ela alcançasse a escada, Matheus levantou a mão.
— Deixa que eu vou — disse, sem olhar para Gabriel. — Eu preciso ver se ele tá melhor.
Mariana hesitou por meio segundo, depois assentiu. Matheus subiu devagar, segurando o corrimão co