O corredor parecia ter engolido todos os sons do congresso. Mariana não respirava. Gabriel também não. Por alguns segundos, o mundo inteiro se reduziu ao espaço mínimo entre eles — um corredor estreito, iluminado por lâmpadas frias, o passado inteiro comprimido num instante. Ele foi o primeiro a se mover. Um passo. Lento. Inseguro. Como se temesse que ela desaparecesse no ar.
— Mariana… — sua voz saiu falha. Quase um sussurro. Quase uma oração.
Ela fechou os olhos por um segundo, como se isso apagasse a imagem dele. Não apagou. Quando abriu, o olhar de Gabriel estava longe do homem frio da diretoria. Era o olhar de alguém que havia procurado — e sofrido — por muito tempo.
— Você… — ele tentou falar de novo, mas a voz quebrou antes da frase terminar. — Você está viva.
A palavra “viva” pareceu doer nos dois. Mariana engoliu seco. A garganta queimava.
— Gabriel… por favor… — ela murmurou, dando um passo para trás. — Não faz isso.
Ele avançou um passo no mesmo instante — não agressiv