O domingo amanheceu com um céu cinza delicado, típico da Chapada antes da chuva. A luz suave atravessava as frestas da cortina quando Mariana abriu os olhos. Dormira mal — entre a preocupação com a apresentação inesperada e o peso do passado, que sempre encontrava um jeito de sussurrar quando a casa ficava silenciosa. Virou-se devagar e encontrou Guilherme encolhido ao lado dela, dormindo com o travesseiro quase caindo do rosto. Um sorriso involuntário escapou. Ele sempre procurava sua cama quando sentia que algo não ia bem, como se fosse capaz de sentir tudo através dela. Mariana passou os dedos pelos fios claros do menino, respirando fundo.
— Hoje vai ser tranquilo… é só um dia — murmurou.
Mas a sensação apertada no peito — medo ou premonição? — não permitia que ela acreditasse completamente.
A manhã seguiu em modo automático: pão torrado, frutas cortadas, café forte para ela, leite quente para Guilherme. O aroma acolhedor preencheu a casa. Gui surgiu arrastando o cobertor, com os