Eles sentaram no sofá mais próximos do que deveriam, mas não próximos o suficiente.
Mariana abraçava uma almofada como se aquilo a mantivesse em pé.
Gabriel se inclinava para a frente, mãos entrelaçadas, como se estivesse segurando as próprias palavras.
O ar entre eles estava quente. Vivo.
Carregado de possibilidades — e de medo.
— A gente precisa falar sobre o futuro — Gabriel começou.
A voz dele era firme… mas o coração estava exposto.
Mariana assentiu, sem coragem de encará-lo por muito tempo.
— Eu sei.
Gabriel respirou fundo.
— Eu não posso voltar para a capital e fingir que nada aconteceu. Não consigo viver a três horas do meu filho. Nem de você.
O peito dela apertou.
— Gabriel… eu tenho minha vida aqui. Meu trabalho. A escola do Gui. A nossa casa. Eu construí tudo isso com medo, mas… consegui. Eu finalmente sinto que o mundo parou de me perseguir.
— Eu sei — ele disse, com total honestidade. — E eu não vim tirar nada disso de você. Nunca mais.
Mas…
Os olhos dele queimaram.
— Eu