A noite de sexta caía sobre a cidade com um céu escuro e pesado, prenúncio de chuva. No apartamento silencioso, apenas o som das teclas preenchia o ambiente.
Gabriel revisava a apresentação enviada por Ana. Os slides estavam impecáveis — precisos, objetivos, organizados. Ainda assim, ele relia cada um como se procurasse falhas invisíveis. Era um hábito antigo, herdado da época em que cada detalhe numa sala de cirurgia podia custar uma vida.
Agora, era outro tipo de responsabilidade. Mais política. Mais estratégica. Mas não menos exaustiva.
Fechou o notebook com um leve estalo, levantou-se da cadeira e caminhou até o quarto. A mala já estava semiaberta sobre a cama. Separou algumas roupas formais, camisas claras, sapatos confortáveis, roupas leves para o clima quente. Ao lado, a mochila com o notebook e documentos. Organizou tudo de forma metódica, como sempre fazia.
Quando terminou, olhou pela janela do quarto. A cidade abaixo estava iluminada, mas distante. Como se não pertencesse ma