Ana o tocou de leve no cotovelo, e o contato súbito o trouxe de volta, aterrissando-o de forma brusca na realidade.
— Gabriel? Você me ouviu? Os crachás. Precisamos entrar, agora.
Ele piscou, a imagem da borboleta azul e do sorriso de Guilherme ainda gravada no canto da sua visão periférica. Engoliu em seco. A garganta parecia seca e áspera, como o chão da Chapada dos Veadeiros.
— Sim. Ouvi. — Sua voz saiu ligeiramente rouca. Ele forçou o corpo a se mover, mas sentia as pernas pesadas, como se estivesse caminhando na água.
Ana o olhava com uma expressão mista de impaciência profissional e preocupação.
— O que houve? Ficou pálido.
Gabriel apertou o nó da gravata, um gesto automático para recuperar o controle.
— Nada. Só o jet lag. Ou o ar daqui. É diferente.
— É mais limpo, Gabriel. É o ar do interior — ela retrucou, sem se convencer. — Vamos. É crucial que você seja visto entrando com o grupo de Cruzeiro do Sul.
Ele assentiu e, forçando-se a ignorar a calçada, a vitrine do s