O quarto estava meio escuro quando Valentina entrou, a luz do abajur pintando tudo de dourado e sombra.
Ela não acendeu mais nada.
Não precisava.
A noite ainda estava viva na pele.
Fechou a porta devagar, encostando as costas na madeira fria e inspirou devagar. Uma, duas, três vezes. O ar entrou áspero e saiu quente, como se o corpo tivesse aprendido um idioma novo. A pele onde Dominic encostara—na curva do pescoço, atrás da orelha—ardia como se guardasse uma brasa escondida.
O perfume de Dominic ainda estava no pescoço dela.
Whisky, tabaco, calor — e algo que parecia perigo amarrado em seda.
O corpo reagiu antes do pensamento.
O pulso acelerou.
O ventre aqueceu.
E ela riu baixinho, sozinha.
— Então é isso? — sussurrou para o vazio.
— Eu estava adormecida…
Valentina tirou os sapatos com cuidado, cada salto pousando no chão como uma vírgula. Atravessou o quarto até o espelho da penteadeira. O reflexo devolveu a mulher do corredor: o vestido preto moldando o cor