Theodoro ficou no balcão depois que Valentina saiu.
Não bebeu.
Não falou.
Apenas esperou — do jeito que predadores fazem: em silêncio.
A mulher loira não demorou.
Vestido curto, sorriso treinado, perfume que tentava parecer caro demais.
Ela se aproximou como se aquele fosse o movimento mais natural do mundo.
— Parece sozinho.
a voz dela tinha aquela melodia doce que sempre vem com veneno.
Theodoro virou o rosto devagar, como quem permite que o teatro aconteça.
— Só até agora. — respondeu, dando espaço para que ela acreditasse que controlava alguma coisa.
Ela riu, tocando o braço dele exatamente onde Valentina havia dito.
Ela vai tocar seu braço. Sempre encosta primeiro.
Valentina estava certa.
Mas Theodoro observou outra coisa.
A loira olhava por cima do ombro a cada quinze segundos.
Sempre para o mesmo ponto.
Um homem de camisa verde, sentado na extremidade da mesa de pôquer.
Postura militar tentando disfarçar civilidade.
Sem sucesso.
E um segun