A noite estava mais fria do que deveria.
Ou talvez fosse só o cansaço grudado na pele.
Valentina empurrou lentamente a porta principal da mansão, deixando o cheiro de rua e fumaça para trás. O corredor estava em silêncio absoluto — nenhum som de passos, nenhum sinal de Victor, nenhum aviso.
Somente escuridão.
Ela caminhou pela sala principal, os saltos abafados pelo tapete persa que ocupava quase todo o espaço. Foi quando percebeu.
Ali.
No canto mais escuro da sala, onde a luz da lareira não alcançava.
Uma silhueta.
Dominic.
Sentado em uma poltrona de couro, pernas cruzadas, um copo de whisky âmbar brilhando na mão e um charuto queimando devagar entre os dedos. A fumaça fazia voltas lentas no ar, como se obedecesse somente a ele.
Valentina sentiu o corpo reagir antes da mente.
Um sobressalto mínimo — mas real.
Dominic ergueu apenas o olhar.
Nada mais.
— Te assustei? — perguntou, a voz baixa, grave, arrastada.
Ela recuperou o controle tão rápido que ninguém