O relógio já marcava quase sete da noite quando Helena chegou em casa. A viagem de trabalho havia sido um divisor de águas. Pela primeira vez, ela sentiu que não era mais a mesma mulher. Aquela que antes aceitava migalhas... ficou no passado.
Jogou os sapatos no canto, acendeu uma vela aromática e foi até a cozinha pegar uma taça de vinho. Assim que levou a bebida aos lábios, o interfone tocou. Estranhou. Quem seria a essa hora?
— Senhorita Helena... há um homem aqui dizendo que precisa falar com a senhora. O nome dele é Gabriel Monteiro.
O sangue dela gelou. A mão tremeu, mas apertou o botão de liberação do portão.
— Pode deixar subir.
Ela largou a taça na mesa, cruzou os braços, tentando manter a calma. Quando a porta se abriu, lá estava ele. Gabriel. O homem que destruiu sua vida. De jeans escuro, camisa social meio aberta e aquele sorriso cínico que ela aprendeu a odiar.
— O que você quer aqui, Gabriel? — perguntou, fria, sem sequer convidá-lo a entrar.
— Senti sua falta, Helena..