O sábado amanheceu com uma claridade limpa, dessas que lavam a arquitetura e deixam os detalhes à mostra. Isadora acordou antes do despertador, sentou-se na beira da cama e ficou ouvindo a casa acordar: passos no corredor, uma torneira que range, o rádio baixo de algum vizinho encontrando a estação. A leitura pública seria à tarde, e a palavra “praça” ficava reverberando na cabeça como um sino discreto. Pegou a pasta, conferiu as cópias do boletim, os prints, o pendrive com etiqueta nova — um ritual que não era superstição, era método — e guardou tudo de volta como quem dobra uma roupa pronta para viajar.
No térreo, o porteiro que havia deixado o bilhete na noite anterior estava de plantão. Era um homem magro, de sorriso curto, que falava olhando nos olhos. “Ele apareceu de novo hoje cedo, o do terno,” disse, sem rodeios. “Quis saber se você ainda mora aqui. Eu disse que aqui a gente não informa nada.” Isadora agradeceu como quem recebe água em viagem longa, e foi só quando ele desvio