O sábado amanheceu com um céu limpo demais, quase insolente. Isadora abriu os olhos antes que o relógio marcasse sete. A luz entrava pela janela da pensão e iluminava o envelope guardado na mesa de cabeceira. “Nos vemos sábado”. Aquela frase ecoava em cada músculo do corpo dela desde que a lera. Hoje, finalmente, o sentido dela se revelaria.
Levantou-se devagar, tentando manter o controle da respiração. Havia um misto de medo e determinação em cada gesto. Vestiu a blusa branca simples que escolhera para o evento, prendeu os cabelos num coque baixo e olhou-se no espelho: não havia luxo, mas havia firmeza. A sombra do passado estava rondando, mas, pela primeira vez, ela tinha armas — pequenas, talvez, mas próprias.
A livraria estava movimentada desde cedo. O gerente parecia inquieto, conferindo pilhas de livros recém-chegados da autora convidada, ajustando cadeiras, organizando cartazes. Clara, a funcionária mais antiga, comentava sobre o número de pessoas que esperavam para o lançament