O sol da manhã surgia tímido por trás das nuvens, deixando a cidade envolta em uma claridade difusa que parecia esconder promessas e armadilhas. Isadora acordou antes mesmo que o despertador improvisado — o barulho da rua — se fizesse ouvir. A chuva da noite anterior tinha deixado o ar fresco, e o cheiro de terra molhada ainda pairava no ambiente.
Ela permaneceu alguns minutos deitada, olhando para o teto simples do quarto da pensão. O coração batia com uma mistura de ansiedade e esperança. Hoje era o dia em que voltaria à livraria para falar com o gerente. Era apenas uma possibilidade, um fio de oportunidade, mas era tudo o que tinha.
Arrumou-se com cuidado, mesmo tendo poucas roupas. Escolheu a blusa azul que destacava seus olhos e uma calça escura sem detalhes. Queria parecer confiante, mesmo que por dentro ainda estivesse tomada pelo medo de falhar. Amarrou os cabelos em um coque simples e respirou fundo diante do espelho rachado: “Eu consigo. Preciso conseguir.”
Saiu da pensão co