O amanhecer trouxe consigo uma estranha sensação de recomeço. A cidade fervilhava como sempre, mas para Isadora, cada passo até a livraria tinha um peso diferente. O trabalho, embora simples, era uma forma de conquistar sua liberdade, e ela se agarrava a isso como quem se agarra a uma tábua em alto-mar.
Ao chegar, cumprimentou os colegas e mergulhou direto nas tarefas: organizar novas caixas que haviam chegado, limpar prateleiras e atender alguns clientes curiosos que pediam recomendações. O ritmo era puxado, mas não havia reclamação em seus lábios. O que mais lhe chamava atenção era como começava a se sentir parte daquele espaço. O cheiro de papel, o barulho suave das páginas sendo folheadas e até o ranger da velha porta da frente se tornavam familiares.
No meio da manhã, enquanto carregava uma pilha de dicionários para o depósito, ouviu a campainha da porta soar. Quando ergueu os olhos, viu Rafael entrando, com a mesma naturalidade calorosa do dia anterior. Ele trazia uma sacola de