Elô não dormiu mais naquela noite. Passou as horas seguintes sentada no chão do quarto, com o cobertor puxado até o queixo, encarando o próprio reflexo na janela. Lá fora, a madrugada escorria lenta, e dentro dela, o medo já não era mais só da morte.
Era de enlouquecer.
A marca em seu braço ainda estava ali. O roxo escuro em forma de corda parecia pulsar. Nenhum objeto em casa podia tê-la provocado. E ela sabia — sabia com cada parte do corpo — que aquilo viera do porão. Ou do que havia embaixo dele.
Ao amanhecer, Elô finalmente criou coragem. Pegou o celular, discou para Miguel e, sem dar muitos detalhes, pediu que ele viesse até sua casa. A voz dela soava trêmula, mas determinada.
— Me encontra no quintal. Preciso te mostrar uma coisa... e preciso que você acredite em mim.
Miguel chegou com os olhos cansados, ainda de moletom. Ao ver o rosto dela — pálido, olheiras fundas, olhar perturbado — sentiu um aperto no peito.
— O que aconteceu, Elô?
Ela levantou a manga da blusa e mostrou a