Isadora acordou antes do sol nascer, tomada por uma inquietação que não lhe dava trégua. A carta do advogado ainda estava sobre a mesa da pensão, dobrada e já com marcas de manuseio. A cada vez que seus olhos pousavam naquele papel, sentia a mesma dualidade: o peso de uma escolha e, ao mesmo tempo, a leveza de uma chance. Durante dias havia evitado dar uma resposta definitiva, mas agora a hesitação já não fazia sentido.
Rafael chegou cedo, como sempre, trazendo dois cafés embrulhados em copos de papel. Não precisaram de muitas palavras; ele sabia que aquela manhã seria diferente. Enquanto caminhavam até a estação, a cidade ainda adormecida parecia não se importar com a pressa deles. As ruas estavam silenciosas, apenas o som de alguns galos distantes e o barulho ritmado dos passos. Isadora carregava consigo apenas uma pequena mala, mas dentro dela estava a ideia de um novo começo.
A viagem até o sítio foi mais tranquila do que da primeira vez. O trem corria pelos trilhos com a cadência