Os dias que se seguiram à visita ao sítio foram marcados por um silêncio fértil. Não havia mais assembleias, discursos, ou reuniões. O telefone ainda tocava com convites, mas Isadora deixava-os se acumularem, como se a vida agora tivesse outro tipo de urgência. A carta do advogado e a chave da casa herdada permaneciam sobre a mesa da pensão, lembrando-a a cada manhã de que havia um território esperando por sua decisão.
Na primeira noite após o retorno, ela e Rafael sentaram-se no banco da praça em frente à pensão, sob a luz amarelada dos postes. Ele, como sempre, não se apressava em sugerir caminhos. Apenas lhe perguntava com calma:
— Você quer transformar aquilo em um novo começo, ou apenas visitar de vez em quando?
Isadora ficou em silêncio longo antes de responder:
— Não sei ainda. Mas senti que ali, naquele lugar, eu poderia finalmente existir sem a sombra de ninguém.
A lembrança do cachorro correndo pelo quintal, do cheiro de bolo de fubá e do vento atravessando as folhas da mang