A primeira semana no sítio começou com o som das galinhas que um vizinho deixava soltas na estrada e o canto dos pássaros que pareciam anunciar o amanhecer antes do sol. Isadora acordava cedo, quase sempre antes de Rafael, e se acostumava ao ritual de abrir as janelas, sentir o cheiro da terra úmida e deixar o ar fresco da manhã varrer o cheiro de mofo que ainda morava em alguns cômodos.
Os primeiros dias foram de aprendizado. Nada parecia simples: o fogão de lenha exigia paciência, a água da bica precisava ser aquecida em panela, e o gerador antigo teimava em falhar nas noites de vento. Mas, em cada obstáculo, ela encontrava uma sensação de pertencimento que há muito não conhecia. O corpo cansava, mas a mente descansava. Cada gesto era concreto — varrer o chão, acender o fogo, plantar as primeiras mudas de hortelã — e essa concretude lhe devolvia a vida.
Rafael dividia o tempo entre a cidade e o sítio, ajudando no que podia. Ele consertou o telhado, trocou os pregos enferrujados, pin