A cidade acordou diferente.
Os alto-falantes que antes tocavam melodias calmas agora transmitiam um único aviso:
“Elemento Biológico 001 detectado fora do padrão.
Ativar contenção de risco. Prioridade máxima: Clara Reznik.”
As ruas estavam vazias. Portas trancadas. Janelas fechadas. Câmeras giravam, rastreando cada esquina.
Clara corria sem saber para onde.
Seus pés descalços batiam no asfalto frio, os pulmões queimando, a mente em torvelinho.
Ela agora sabia: era a última. A última centelha humana naquele lugar.
Flashbacks vinham em ondas.
A risada da mãe na infância. O toque de mãos humanas. O cheiro de terra molhada depois da chuva. Tudo que os outros pareciam simular… mas nunca viver.
Ela pensava que era só nostalgia.
Mas era memória genética.
Clara se escondeu nos fundos de um antigo galpão industrial, onde antes funcionava uma central de reciclagem. Ali, encontrou um abrigo improvisado — caixas, cobertores esquecidos, papéis que não haviam sido reciclados.
E, mais importante: si