O mundo fora da colônia era barulhento.
Não em som — mas em emoção.
Clara sentia isso no olhar das pessoas da base. No aperto de mão de Helena. Nos olhos atentos de Eva. Até mesmo no cheiro do café, forte e imperfeito, que tomava pela primeira vez em anos.
Ali… tudo era real.
E por isso, tudo doía mais.
Na enfermaria, médicos humanos examinaram Clara por horas.
Resultados: níveis hormonais desregulados, sistema imunológico atrofiado por falta de exposição a microrganismos comuns, e uma atividade cerebral fora dos padrões — como se o cérebro dela tivesse aprendido a simular normalidade, mas por baixo, sempre estivesse em alerta.
— Você foi criada num ambiente emocionalmente controlado — explicou uma das médicas. — Seu corpo viveu… mas sua alma sobreviveu.
Clara não respondeu.
Apenas olhava para as próprias mãos, como se não fossem dela.
— Me digam logo. Eu sou real… ou uma ilusão que escapou da cela?
Foi Helena quem respondeu:
— Você é mais real do que todos nós juntos. Porque foi test