15. SE ENTREGANDO AO DESEJO
A chuva caía fina e persistente, e Deise permaneceu ali, parada sob o céu nublado como se o tempo tivesse congelado. As gotas deslizavam por seu rosto, se misturando às últimas lágrimas que ainda ousavam escapar. Ela não se importava. Sentir a chuva era quase libertador — como se, de alguma forma, lavasse um pouco do peso que ainda carregava no peito.
Respirou fundo, fechou os olhos por alguns segundos e, só então, lentamente, virou-se e caminhou de volta para dentro do hospital. Seus passos eram calmos, como se carregassem a tranquilidade de quem finalmente havia entendido seu próprio coração.
Quando entrou novamente no quarto onde Matias estava, encontrou o garotinho já desperto, os olhinhos cansados, mas curiosos. Ele olhou para ela e esboçou um sorrisinho fraco, e isso bastou para aquecer seu coração.
Miguel, que estava sentado ao lado da cama, com os braços apoiados sobre os joelhos, ergueu os olhos ao vê-la entrar. Havia alívio em seu olhar, mas também uma preocupação contida.
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