Alicia Carvalho é uma jovem nutricionista determinada, dona da própria clínica, que tenta deixar no passado uma noite ardente e inesquecível vivida durante uma viagem à Grécia. Naquela noite, ela e um homem misterioso se entregaram a uma paixão sem nomes ou promessas, mas também sem esquecimento. Dois anos depois, já em plena pandemia, Alicia conhece Roberto Assunção, um advogado charmoso e seguro, com quem inicia um relacionamento envolvente. Com desencontros e uma aproximação gradual, o amor floresce entre eles — mesmo com a ausência constante do pai de Roberto, João Assunção, um advogado viúvo e reservado. O que Alicia jamais imaginou é que o homem por quem tanto ansiou e o pai do seu noivo são a mesma pessoa. No dia do casamento, já com os votos prestes a serem selados, João chega atrasado — e ao ver Alicia vestida de noiva, tudo vem à tona. Agora, Alicia carrega um segredo que pode destruir não apenas um casamento, mas uma família inteira. Até onde ela conseguirá esconder a verdade? E quando o amor pelo pai se mistura ao amor pelo filho... que escolha é possível?
Ler maisO pôr do sol tingia o céu de Mykonos com tons alaranjados, e a brisa salgada do mar dançava pelos cabelos de Alicia enquanto ela segurava um drinque colorido nas mãos. As luzes do bar à beira da praia começavam a piscar com suavidade, criando um cenário quase onírico. Risos, música, corpos dançando — o verão grego pulsava ao redor dela como uma celebração à vida.
Marisa, sua amiga mais ousada, se aproximou com um sorriso malicioso no rosto. — Aquele homem ali está te devorando com os olhos — sussurrou, inclinando-se para falar em seu ouvido. — Cabelos grisalhos, terno aberto, olhar quente... Que perigo, amiga. Alicia virou o rosto discretamente e o viu. Ele estava encostado no balcão, com um copo de uísque nas mãos, os olhos cravados nela como se fossem dois faróis em meio à penumbra do lugar. Era mais velho, sim. Muito mais velho. Mas havia nele algo magnético — uma presença que misturava elegância e masculinidade bruta. O cabelo grisalho dava a ele um ar sofisticado e maduro, mas era o jeito como ele a olhava que fez o coração de Alicia acelerar. Um calor inesperado subiu por sua pele. Quando seus olhares se cruzaram, foi como se o tempo perdesse o ritmo. Ele sorriu, um sorriso contido, quase perigoso, e começou a se aproximar com passos lentos, firmes, como quem já sabia que ela não recusaria. — Dança comigo? — a voz dele era rouca, profunda, com um sotaque indefinido que só aumentava o mistério. Ela não respondeu. Apenas estendeu a mão. Na pista, os corpos se encontraram como peças de um quebra-cabeça que já se conheciam. Ele a segurou pela cintura com firmeza, sem pressa, e ela sentiu a força sob os dedos longos e decididos. Alicia se deixou levar pelo ritmo e pelo calor do corpo masculino colado ao seu. Cada movimento, cada toque, era como se ele a lesse com exatidão. Seu perfume amadeirado, sua respiração próxima ao ouvido dela, a maneira como ele a conduzia com domínio absoluto... aquilo não era apenas uma dança — era uma promessa não dita. João sentiu algo novo percorrer suas veias. A moça nos braços dele era jovem, absurdamente bonita e vibrante, mas havia nela algo mais — um brilho curioso no olhar, uma sensualidade que se revelava sem esforço. Ele sabia que ela era perigosa. Sabia que deveria se controlar. Mas não conseguia. Na pista, ele a puxou ainda mais contra si, seu corpo quente e duro colado ao dela. Uma mão firme na sua cintura, a outra segurando sua nuca com posse. Alicia sentiu o calor dele através do vestido, o jeito como ele a conduzia com autoridade, como se já soubesse exatamente como ela gostava de ser tocada. Seus quadris se moviam contra os dela, e ela podia sentir a pressão crescente entre suas pernas, a excitação que já latejava em seu sangue. João não disfarçava o que queria. Seus dedos traçavam a curva das suas costas, desciam até a base da sua coluna, apertando com possessividade. Ele inclinou a cabeça, os lábios roçando seu pescoço, e ela arqueou contra ele, um gemido baixo escapando quando seus dentes fecharam suavemente em sua pele. — Você é tão linda, já está molhada pra mim? — ele sussurrou, a voz um rugido no seu ouvido. Ela não respondeu. Mas ele sabia. Eles não trocaram nomes. Nem precisavam. Era um pacto silencioso. --- O elevador do hotel mal havia fechado quando João a empurrou contra a parede, seus lábios emitindo sons roucos e devorando os dela com uma fome que não podia mais ser contida. — Não quero nem saber seu nome — ele respirou, a voz um comando áspero entre beijos. — Só quero te sentir até não aguentar mais. Alicia não protestou. Em vez disso, o agarrou pelo colarinho e o arrastou para dentro do quarto, os corpos colados, as mãos já desfazendo os botões da camisa dele. A porta mal se fechou quando ele a levantou, suas pernas se enrolando automaticamente em sua cintura, e os dois caíram na cama num emaranhado de desejo e tecido rasgado. João deitou sobre ela, seu corpo quente e pesado, e ergueu o vestido num movimento fluido, a deixando nua sob ele. As mãos dele percorreram sua pele como um homem faminto tocando um banquete, e quando seus dedos encontraram a umidade entre suas pernas, um rosnado escapou de sua garganta. —Já está tão pronta pra mim — murmurou, os olhos escuros ardendo. Ele não esperou. Seus lábios desceram pelo seu pescoço, mordiscando a pele sensível, enquanto suas mãos apertavam seus seios com firmeza, os dedos torcendo seus mamilos até ela arquejar. Cada beijo era uma promessa, cada toque uma marca de posse. Ele desceu mais, sua boca quente percorrendo sua barriga, até que seu hálito queimou a pele mais íntima dela. Alicia gemeu alto quando sua língua a encontrou, lambendo, sugando, bebendo dela como se fosse a única fonte de água no deserto. Ele não tinha pressa, explorando cada dobra, cada ponto sensível, até que suas pernas tremeram e seu corpo se curvou num orgasmo intenso, os dedos se enterrando em seus cabelos grisalhos. — Isso — ele sussurrou, levantando o rosto molhado dela. — É só o começo, pequena. Ele se levantou, se despindo com movimentos deliberados, e Alicia não pôde evitar admirar o corpo dele. Apesar da idade, ele era esculpido —ombros largos, abdômen definido, músculos que contavam histórias de disciplina e força. E quando ele se aproximou novamente, seu membro duro e impaciente, ela não resistiu. Antes que ele pudesse se deitar sobre ela, Alicia o empurrou para a cama e se ajoelhou entre suas pernas, seus lábios o envolvendo com devoção. Ela sabia o que queria — gosto dele, os gemidos roucos que escapavam de sua garganta, a maneira como seus músculos se tensionavam sob sua boca. Ela o levou até a borda, sua língua traçando cada veia, até que ele explodiu em seu paladar, o sabor cítrico e salgado dele inundando sua boca. João respirou fundo, os olhos fechados por um instante, antes de puxar ela para cima dele, seus corpos se encontrando novamente em um beijo profundo, selvagem. —Agora — ele rosnou, virando ela de costas e puxando seus quadris para cima. — É a minha vez de sentir o quanto.voce é apertada, pequena. E ele cumpriu a promessa.Dez anos se passaram desde o dia em que Alicia, Roberto e João assinaram juntos a certidão que reconhecia oficialmente o que o coração deles já sabia há tempos: eram uma família. Completa. Inusitada. Real.A casa onde viviam era outra — não porque haviam se mudado, mas porque o tempo tinha deixado suas marcas boas. A varanda agora era coberta por trepadeiras floridas, um balanço de cordas e madeira pendia de uma árvore robusta no quintal, e os risos infantis ecoavam como trilha sonora constante.Pietro tinha doze anos e era a mistura viva dos três. Herdara a sensibilidade de Alicia, o senso de justiça aguçado de Roberto e a serenidade encantadora de João. Estela, com nove, era pura luz, como o nome que Pietro escolheu quando ainda era uma criança. Tinha olhos atentos ao mundo, perguntas afiadas e uma forma de abraçar que desarmava qualquer dureza.Aquela manhã de sábado começara com cheiro de café e bolo de laranja saindo do forno. Alicia andava pela cozinha descalça, os cabelos mais
O dia amanheceu sereno, com uma brisa suave entrando pelas frestas da janela e espalhando pelo quarto um cheiro leve de lavanda. Estela dormia tranquila no berço improvisado entre o quarto de Alicia e o de Roberto. Pietro, já mais crescido e falante, tinha passado a noite com os avós, deixando o trio com um raro silêncio — e uma rara privacidade.A casa parecia respirar junto com eles. Cada detalhe da decoração, cada foto na parede, cada brinquedo no chão, carregava história. Um lar construído entre amores improváveis, barreiras vencidas e promessas cumpridas. Mas naquele dia, algo maior os esperava: a formalização daquilo que o coração deles já reconhecia há muito tempo. Uma família.— Tá pronta? — João perguntou, ajeitando o colarinho da camisa clara, os olhos brilhando por trás dos óculos de leitura que ele sempre esquecia no topo da cabeça.Alicia respondeu com um sorriso que era meio nervoso, meio incrédulo, enquanto ajeitava o vestido azul escuro que escolhera especialmente para
O sol ainda não havia se debruçado completamente no horizonte quando o silêncio daquela manhã foi rompido por um gemido abafado vindo do quarto. A cidade ainda bocejava quando dentro da casa de tons claros, aquecido por cortinas translúcidas e móveis acolhedores, o tempo parava. Alicia segurava na mão de Roberto enquanto olhava para João com os olhos marejados de dor e emoção. O momento havia chegado.Ela queria aquele parto em casa. Queria sentir cada parte da vida nascendo com intimidade, acolhimento e amor. Eles haviam se preparado juntos, com cursos, consultas e planos. Pietro estava com a avó materna, levado carinhosamente no dia anterior, quando as contrações se tornaram ritmadas.A sala agora parecia uma extensão do coração daquela família. O colchão no chão, lençóis estendidos, a banqueta de parto, as essências no difusor, a playlist suave de fundo e os dois homens que Alicia amava de verdade, ajoelhados ao seu lado. Roberto fazia compressas mornas, acariciava as costas dela e
O sol de fim de tarde entrava pela grande janela da sala, dourando as cortinas e os brinquedos espalhados por Pietro. No centro do cômodo, Alicia dobrava algumas roupinhas recém-compradas para o novo bebê, sorrindo ao ver os tamanhos minúsculos das peças, tão parecidos com as que Pietro usava pouco tempo atrás. O menino agora corria pela casa com seus dois anos bem vividos, falando sem parar, cheio de perguntas e risadas. Ele era o tipo de criança que preenchia o ambiente com luz — e barulho.João vinha da cozinha com as mãos molhadas, secando-as no avental que ele insistia em usar nas tardes em que cozinhava. Roberto, sentado no chão ao lado do filho, tentava montar uma pista de carrinhos.— Mamãe, o papai João disse que hoje vai ter lasanha! — gritou Pietro, correndo até Alicia e segurando sua perna com força.— Vai sim, meu amor — ela respondeu, acariciando os cabelos do filho. — Mas primeiro, você precisa guardar esses brinquedos, certo?Pietro fez uma careta exagerada, que arranc
A brisa da manhã entrava suave pelas janelas abertas da nova casa. O campo ao redor parecia emoldurar a cena que se desenrolava lá dentro com uma delicadeza quase cinematográfica. Em meio aos móveis de madeira clara e às cores aconchegantes da decoração, Alicia caminhava descalça pela sala, a mão repousando com ternura sobre a barriga já arredondada pela nova gravidez.O tempo tinha passado rápido. Um ano se fora desde que haviam deixado a cidade grande. O antigo apartamento, os olhares tortos no elevador, os cochichos no parquinho… tudo parecia tão distante agora. A nova vida no interior, cercada pela natureza, pelas galinhas da vizinha, pelo cheiro de mato molhado e pelas caminhadas no fim da tarde, era o cenário perfeito para a família que eles estavam construindo — juntos.Pietro, agora com dois anos completos, era o reflexo vivo daquela nova fase. Curioso, carinhoso e falante, corria pela casa como um raio de sol, seus cachinhos balançando, os pezinhos fazendo barulho no assoalho
A luz do sol filtrava-se suavemente pelas cortinas de linho claro, tingindo o quarto com um brilho dourado e morno. A manhã invadia o ambiente sem pressa, como quem respeita o silêncio e a paz de quem dorme. No centro da cama, uma bagunça de corpos entrelaçados respirava devagar, sob uma coberta felpuda cor de creme que parecia abraçá-los ainda mais do que os braços um do outro.João despertou primeiro. Ainda sem abrir os olhos, sentiu o cheiro leve de lavanda nos cabelos de Alicia, repousados sobre seu peito. Uma de suas pernas estava entrelaçada na de Roberto, e por um instante, ele apenas sorriu, em paz. A casa estava em silêncio. Nem mesmo o balbuciar de Pietro vinha da babá eletrônica — talvez ainda dormisse, o que era raro, mas muito bem-vindo naquela manhã especial.Ele não teve pressa de se mover. Com um carinho delicado, deslizou os dedos pelas costas nuas de Alicia, desenhando um caminho imaginário da base da coluna até o ombro. Ela se remexeu levemente, um suspiro escapando
Último capítulo