Mesmo após o fim do lockdown, a vida de João ainda não retomava o ritmo normal. Os médicos haviam sido claros: nada de escritório, nada de visitas. Sua imunidade estava em baixa e sua saúde já dava sinais de desgaste. Era preciso cuidado redobrado. A idade e os históricos de saúde o colocavam diretamente no grupo de risco.
A única presença além de Dona Cida, a empregada que agora era quase uma enfermeira improvisada, era a do médico que o visitava semanalmente.
— O senhor está indo muito bem, senhor João — disse o médico, ajeitando os óculos enquanto conferia o prontuário. — Mas precisa continuar em isolamento. O vírus ainda está matando. E o seu corpo… bem, está fragilizado. Uma infecção agora poderia ser fatal.
João assentiu com um olhar resignado. O coração apertado. Ele sabia que era necessário. Mas saber nem sempre acalmava a alma.
Naquela tarde, ele se sentou na poltrona da varanda com o celular em mãos. O sol batia de leve, e a brisa morna parecia querer aliviar o peso dos