A água quente escorria pelas costas de Alicia enquanto o vapor do banho tomava conta do banheiro. Ela fechou os olhos e encostou a testa na parede fria, permitindo-se reviver os últimos momentos no carro com Roberto. Os beijos, os toques, a forma como ele a segurou com firmeza e, ao mesmo tempo, com uma delicadeza que a desarmou completamente. Nenhum homem a tocava daquele jeito desde... desde a Grécia. Mas Roberto era diferente. Ele não apenas acendeu seu corpo, acendeu alguma coisa dentro dela também.
Ela sorriu sozinha, mordendo o lábio. Havia algo no olhar dele que a prendia. Algo no jeito que ele falava, na voz quente e na segurança com que se movia, que a fazia querer mais. Alicia saiu do banho enrolada em uma toalha, deitou-se na cama ainda úmida, com os cabelos soltos no travesseiro. Suspirou outra vez. Estava definitivamente mexida. Enquanto isso, do outro lado da cidade, Roberto largava o celular na mesinha de cabeceira e se jogava na cama com os cabelos ainda úmidos. O apartamento escuro, silencioso, e mesmo assim ele se sentia inquieto, quase elétrico. Alicia o tirou do eixo — e ele adorou isso. Era raro, muito raro, alguém ultrapassar as defesas que ele nem percebia que tinha. Mas ela... com aquele jeito doce, o sorriso tímido e, ao mesmo tempo, aquele olhar ousado que piscava como provocação... ela tinha atravessado tudo. As palavras do pai voltaram à sua cabeça com força. "Quando encontrar a mulher certa, vai saber. É uma sensação que começa no peito e vai esquentando o corpo todo." Era exatamente assim que ele se sentia. Aquecido. Esperançoso. Um pouco assustado. Pegou o celular novamente, abriu a conversa recém-salva e digitou: “Já estou com saudade do seu cheiro.” Apagou. Escreveu de novo: “Ainda sinto seu gosto na boca… Você é incrível, Alicia.” Enviou. E logo em seguida: “Quero te ver de novo. Amanhã. Ou depois. Mas logo. Me diga que você também quer.” Do outro lado, Alicia ainda estava deitada, rolando de um lado para o outro na cama quando ouviu o celular vibrar. O nome dele na tela acendeu uma chama em seu peito. Leu a primeira mensagem, depois a segunda… sorriu. Um sorriso largo, bobo, cheio de calor. Ele estava tão mexido quanto ela. Isso a deixava leve. Viva. Digitou devagar: “Quero. Muito.” E, depois de alguns segundos, como quem resolve se jogar: “Você também é incrível, Roberto. Me faz sentir coisas que achei que tinha esquecido.” Ele leu aquilo, fechou os olhos com um sorriso satisfeito. Sim, ela estava sentindo o mesmo. Era só o começo. --- No dia seguinte, Alicia chegou em casa no final da tarde e, antes mesmo de tirar os sapatos, viu a mensagem dele: “Te pego às oito. Se arruma do jeito que você quiser, porque pra mim, você já está perfeita.” Ela riu sozinha. Roberto tinha um charme natural, não forçado, não ensaiado. E aquilo a envolvia de uma maneira diferente. Correu para o banho, escolheu um vestido leve, de tecido fluido e decote discreto, mas que valorizava suas curvas. Cabelos soltos, uma maquiagem leve como de costume. Às oito em ponto, ele estava na porta. — Uau… — ele disse assim que a viu, com um sorriso quente e olhos que a devoraram dos pés à cabeça. — Boa noite, Roberto. — Com você, impossível ser uma noite ruim — respondeu, estendendo a mão para ela. Foram jantar em um restaurante intimista, à meia luz, com música suave ao fundo. A mesa era pequena, forçando os corpos a ficarem próximos. As conversas fluíam como vinho: leves, envolventes, sinceras. Eles riam, trocavam olhares, e em vários momentos Alicia se pegava admirando o jeito como ele falava, como a escutava com atenção, como tocava levemente a mão dela sempre que queria enfatizar algo. O mundo ao redor parecia ter desaparecido. Depois da sobremesa e de mais duas taças de vinho, Roberto sugeriu: — A gente pode dar uma volta antes de eu te levar pra casa? Não tô pronto pra encerrar a noite ainda. Alicia assentiu. Caminharam pelas ruas tranquilas, iluminadas pela luz amarela dos postes. Em dado momento, ele parou, ficou de frente pra ela, e segurou seu rosto com as duas mãos. — Você me faz sentir como se eu tivesse voltado pro primeiro amor… mas ao mesmo tempo com uma intensidade de última chance — disse com a voz baixa, rouca. Ela nem respondeu. Apenas se aproximou, buscando os lábios dele como se tivesse esperado a noite inteira por isso. O beijo foi mais profundo do que o anterior, cheio de fome, desejo e ternura ao mesmo tempo. As mãos dele exploraram sua cintura, as dela se enroscaram nos cabelos dele, e o tempo parou ali. Depois do beijo, ofegante, ela encostou a testa na dele. — Isso tá indo rápido demais — sussurrou. — A vida também, Alicia. E com você... eu não quero perder tempo. Ela sorriu. Naquela noite, Roberto não subiu ao apartamento dela. Beijou sua testa, desejou boa noite e foi embora com um olhar carregado de desejo contido. Alicia ficou parada na porta por alguns segundos, abraçando o peito, sentindo que algo grande estava começando. E nenhum dos dois tinha ideia do que o destino ainda guardava.