Capítulo 4

A casa de Camila estava iluminada, perfumada, vibrante. Era o tipo de reunião que Alicia adorava: nada de exageros, apenas gente bonita, risadas soltas, vinho de qualidade e uma playlist que passeava entre jazz e R&B como quem acaricia a alma.

Alicia estava impecável — um vestido longo, justo na medida certa, que realçava suas curvas sem vulgaridade. Cabelos soltos, levemente ondulados, caindo pelas costas. A maquiagem leve apenas ressaltava o que já era marcante: olhos expressivos, boca convidativa, pele dourada e luminosa.

Enquanto segurava uma taça de vinho branco, conversando com duas amigas sobre viagens, Camila surgiu sorrindo, puxando alguém pelo braço.

— Li, quero te apresentar um advogado maravilhoso. Ele é amigo do Tobias, mas já considero um dos meus melhores amigos.

Alicia virou-se com um sorriso educado... e congelou por dentro ao encarar o homem alto, bronzeado, terno casual, cabelo perfeitamente penteado e um olhar indecente de tão intenso.

— Prazer, Alicia. — disse ele, com voz firme e grave. — Me chamo Roberto.

Antes mesmo que ela pudesse responder, ele inclinou-se e beijou seu rosto, tocando de leve sua cintura. O toque foi sutil, mas cheio de uma intenção silenciosa. Aquela mão quente e firme fez Alicia estremecer por dentro — um choque elétrico suave, mas inegável. Era como se seu corpo tivesse acabado de lembrar o que era desejo real.

A última vez que sentira isso... foi naquela noite na Grécia. Com o homem de cabelos grisalhos que ela jamais conseguiu esquecer.

Mas Roberto não tinha cabelos grisalhos. Tinha o olhar sagaz, sorriso perigoso e uma autoconfiança que deixava o ar mais denso ao redor dele.

— E você, Alicia? — perguntou ele, após trocarem um brinde. — O que faz da vida?

— Sou nutricionista. Tenho meu próprio consultório — disse ela, orgulhosa. — E você?

— Advogado. Tenho um escritório com meu pai, chamado Assunção & Assunção. Meu pai é um velho durão, mas o melhor mentor que eu poderia ter.

A conversa fluía com facilidade absurda. Em questão de minutos, já estavam rindo, falando de séries, livros, músicas, comidas favoritas. Era como se as bolhas ao redor da festa tivessem desaparecido. Camila, do outro lado da sala, observava a cena e resmungava para a amiga ao lado:

— Eu devia ter cobrado ingresso por esse encontro. Acho que acabei de perder dois amigos de uma vez...

Horas depois, já era madrugada. A casa esvaziava aos poucos. A brisa da noite entrava pela varanda e o vinho tinha aquecido não só os corpos, mas também as intenções.

— Eu te levo em casa, se quiser. — Roberto disse com naturalidade, como se aquela fosse a coisa mais certa a se fazer.

Alicia hesitou por meio segundo. Depois sorriu.

— Pode ser...

O caminho até o carro foi silencioso, mas cheio de tensão. No carro, as mãos dele estavam firmes no volante, mas os olhos... cada vez que paravam no sinal vermelho, ele a encarava como quem já imaginava o gosto da sua pele.

Alicia desviava o olhar, mas sorria por dentro. Sentia o estômago revirar como se tivesse 17 anos de novo.

Ela não sabia quem era Roberto. Só sabia que havia algo nele. Algo quente, curioso, perigoso e reconfortante ao mesmo tempo.

O mesmo algo que ela sentiu na Grécia. E que agora, parecia querer arder novamente.

Roberto estacionou diante do prédio de Alicia com calma, como se não quisesse que aquele instante tivesse fim. O motor ainda ligado, o rádio tocando baixinho uma balada suave. Alicia desfez o cinto e se virou para ele, o sorriso ainda nos lábios.

— Me passa seu número? — ele pediu, os olhos fixos nos dela, a voz baixa e rouca, como se estivesse segurando algo dentro de si.

— Claro. — Alicia recitou os números enquanto ele digitava no celular, mas sua voz soava diferente. Mais baixa, mais hesitante. Como se o clima estivesse espesso demais para qualquer palavra comum.

Assim que salvou o contato, ele colocou o celular no painel, mas não se moveu. Ficou olhando para ela, como se esperasse uma permissão silenciosa. Alicia notou o olhar dele descendo discretamente pelo seu rosto, pela curva dos lábios, pelo pescoço exposto e, por fim, retornando para os olhos dela.

— Eu posso... — ele começou a falar, mas parou, apenas se inclinando devagar, dando a ela tempo para recuar — ou corresponder.

Ela não se mexeu.

Então, ele a beijou.

Foi um beijo contido no início, quase inseguro. Um roçar lento de lábios, como se testassem o território. Mas bastou Alicia entreabrir a boca, puxando levemente o lábio inferior dele, para tudo mudar. O beijo ficou mais denso, quente, carregado. As línguas se encontraram num ritmo envolvente e faminto, e a mão de Roberto deslizou para a nuca dela, puxando-a com mais intensidade.

Os corpos se aproximaram ainda mais no banco apertado. Alicia sentia o calor subindo pelas coxas enquanto as mãos dele exploravam sua cintura com firmeza, depois descendo pelas costas até a curva dos quadris. Ela o tocava também, os dedos passeando pelos ombros largos, sentindo cada músculo sob o tecido da camisa. Seus corpos falavam uma língua própria, cheia de vontades.

Um suspiro escapou dos lábios dela entre um beijo e outro. Ele sorriu contra sua boca, satisfeito, e voltou a beijá-la, dessa vez mais lento, como se quisesse gravar cada segundo daquilo na memória.

— Se eu continuar — ele murmurou com a voz abafada pelo desejo — não vou conseguir te deixar subir sozinha.

Alicia abriu os olhos, respirando fundo, com a testa encostada na dele. Um turbilhão rodava dentro dela.

— Então é melhor eu subir agora... antes que eu mesma mude de ideia.

Ele riu baixo, ainda colado a ela.

— Você é diferente, Alicia. E isso está me deixando louco.

Ela desceu do carro com as pernas um pouco trêmulas, o coração disparado, como se tivesse saído de um furacão. Virou-se uma última vez na porta do prédio e o viu ali, ainda no carro, olhando fixamente para ela como se quisesse trazê-la de volta com o olhar.

Ela entrou em casa sabendo que algo muito grande tinha começado ali.

Mal sabia ela… o quanto.

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