POV NATHALIA
O evento dos Andrades brilhava como se fosse um baile de reis: cortinas de linho engomadas, lustres de cristal derramando luz sobre mesas fartas, taças finas soando num tilintar contínuo, e aquele perfume caro que deixa o ar doce e levemente enjoativo. Os homens, todos de terno escuro, falavam em voz baixa, encostados no uísque; as mulheres pareciam saídas de vitrines — pele esticada, joias grandes, risos treinados. Eu andava por aquele salão como quem atravessa um tabuleiro que não é seu. E, ainda assim, sabia: era ali que a minha vida ia virar. Nem que fosse à força.
Minha mãe surgiu do nada, colando em mim um sorriso tão nítido que parecia pintado a faca.
— Endireita os ombros, filhinha. — Ela ajeitou a alça do meu vestido com dedos rápidos. — Hoje você deixa de ser “a moça bonita da fazenda” e vira a noiva dos Andrades. Entendeu?
— Entendi. — Eu disse sem olhar para ela. O coração martelava alto demais para eu escutar qualquer outro conselho.
— E outra coisa — sussurr