três dias depois

Eu estava nas mãos do meu primo. Ele soube muito bem como se articular e usar a questão do acidente para me deixar em uma enrascada. Inclusive, eu já começava a me perguntar se ele realmente tinha sofrido um acidente… ou se fingiu esse tempo todo.

— Talvez eu devesse mesmo voltar pra casa. José Eduardo vai me deixar maluca — falei sozinha no meu quarto.

Mas, no fundo do meu coração, eu sentia cada vez mais que deveria ficar. Ou talvez fosse só medo. Medo de voltar para a casa que foi minha e da minha mãe. A princípio, quando cheguei ali, me pareceu plausível retornar e não ficar junto daquela gente rica. Mas, aos poucos, fui percebendo que seria perigoso demais ser uma mulher sozinha morando no meu antigo bairro.

— Se aquele garoto ao menos me deixasse em paz, as coisas seriam melhores pra mim aqui — continuei murmurando.

Aquele era o dia em que José Eduardo sairia do hospital, e eu sabia que