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Capítulo três – A Festa

A música tradicional ecoava, mulheres dançavam com entusiasmo, as servas corriam atarefadas, e o povo sorria feliz. Tudo girava em torno do casal sentado à mesa de honra, acompanhados dos pais, que trocavam olhares confusos diante da presença um do outro. Já se haviam passado duas décadas desde aquele dia.

Alana não parava de procurar por Mathew, e Letícia logo percebeu isso pela forma insistente com que ela virava a cabeça de um lado para o outro. Estava visivelmente desconfortável por estar tão próxima de um homem cujo nome mal conhecia.

— Com licença. — Alana se levantou, fazendo sinal para a amiga segui-la.

— Aonde você vai? — Ozil perguntou, desconfiado, mesmo após ter feito contato com ela há apenas algumas horas.

— Vou tomar um ar fresco, longe de toda essa gente. — respondeu Alana, com um tom seco.

— Você tem razão. Eu te acompanho. Só vou dar umas palavrinhas com meu pai e meu sogro e já já estarei com você. — Ozil piscou para ela.

Chateada, como já era de se esperar, Alana saiu furiosa. Mas, para disfarçar, forçou um sorriso. O lugar estava lotado; só havia um lugar onde ela poderia se sentir mais tranquila. Caminhou até o bananal, um pouco afastado da festa.

— O que foi, amiga? — Letícia sentou ao seu lado, estranhando vê-la ali, tão longe de tudo.

— Eu preciso falar com Mathew, Letícia. Me ajuda a encontrar ele. — Alana implorou.

— Mas por que quer tanto vê-lo? Ele me disse que já estava tudo acabado entre vocês dois. — Letícia fez questão de enfatizar "vocês dois".

— Eu sei. Mas precisamos conversar, e você precisa me ajudar a encontrá-lo… e distrair o Ozil. — Alana segurou as mãos da amiga e desabou em lágrimas.

— Está bem. Eu vou ali chamar ele. Fica aqui. Eu volto já. — Letícia respondeu antes de sair correndo.

Apesar de saber que não era o certo, Letícia decidiu ajudar, pela amizade que cultivavam desde a infância. Ela sabia que, se fosse descoberta, seria expulsa dos dois lados. E sua amiga não poderia fazer nada. Seu amor impossível jamais a perdoaria por falhar nessa missão.

Assim que viu Mathew, parou por um instante para respirar. Ele estava cercado por moças dançando de forma escandalosa.

— Atrapalho? — Letícia perguntou, decepcionada.

— Não. Meninas, vocês podem me deixar a sós com ela? — pediu ele, ainda surpreso.

— Você é mesmo um covarde. Com tanta mulher por aí, tinha mesmo que se distrair com essas? Que nem fazem parte do nosso povo. — Letícia olhou de cima a baixo para aquele ser visivelmente despedaçado.

— Eu não estava tentando nada. E, mesmo que estivesse… por que isso te importaria? Estou solteiro. Posso fazer desse corpo o que quiser. — deu mais um gole de vinho tinto, tentando aliviar a pressão.

— Ah, isso me importa porque a minha amiga está lá no bananal, esperando por você. — ergueu o queixo, encarando-o. — Isso satisfaz sua pergunta? — deu de ombros e saiu.

Mathew, ao ouvir aquilo, saiu apressado, com o coração pulsando de alegria. Quando chegou perto, reduziu o passo.

— Mathew… — Alana o abraçou, e logo o beijou, sem pressa. Seus braços se enroscaram no pescoço dele. Coberta por tecidos finos, ela buscava paz no meio do caos. O beijo era suave. Seus lábios sabiam duelar; suas línguas se encontravam com intensidade, deixando ambos sem ar… e desejando mais.

— Vamos fugir. Eu prometo fazer de você a mulher mais feliz do reino. — Mathew disse, depois de uma pausa.

— Eu… eu quero. Mas antes, deixa eu me despedir da Letícia. Sim? — respondeu Alana, olhando para a lua, que surgia no céu do outro lado do mundo. Então, ouviu passos.

— Leth, é você? — Mathew se levantou, pronto para lutar.

— Sim. Eu… na—

— Eu decidi que vou abandonar tudo isso para ser feliz, longe do que não me faz bem. Vou fugir com Mathew! — Alana gritou, antes mesmo que Letícia terminasse de falar.

— E quem é o amor da sua vida? — Ozil apareceu, com os braços cruzados e olhar fixo em Alana, que foi rapidamente puxada para os braços de Mathew assim que Ozil terminou a pergunta que ecoou como uma sentença.

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