O Alfa Darius Blackwood sempre teve o mundo aos seus pés. Temido e respeitado, sua fama de cafajeste e conquistador ecoa por toda a alcateia. Mas, no fundo, ele sempre esperou por sua companheira destinada—mesmo que ninguém acreditasse. Aurora Hale nunca confiou em rumores, mas quando descobre que seu destino está ligado ao Alfa mais perigoso e sedutor da região, sente seu coração vacilar. Ela sempre sonhou com um amor verdadeiro, e a reputação de Darius a faz duvidar que ele seja capaz de lhe oferecer isso. Porém, negar o laço é impossível. O instinto do Alfa clama por ela, seu lobo está à beira da tormenta e ele não suporta vê-la perto de outro. Mas Aurora não se entregará tão facilmente. Se Darius quiser seu coração, terá que provar que o destino não errou ao uni-los. Entre desejo, possessividade e promessas quebradas, até onde um Alfa irá para conquistar sua verdadeira companheira?
Leer másO cheiro de sangue fresco cortou o ar da manhã como uma lâmina. Era uma coisa antiga, primitiva. Impossível de ignorar.Darius ergueu a cabeça na mesma hora, o instinto de Alfa despertando como uma fera acorrentada.— Aurora. — rosnou, já mudando de forma no meio do salto.Aurora não hesitou. Em segundos, a loba prateada que existia dentro dela emergiu — selvagem, deslumbrante, mortal.Ambos correram em direção à fonte do cheiro, o coração batendo como um tambor de guerra. Algo estava errado. Muito errado.Dentro do celeiro, duas figuras encapuzadas encurralavam Caelum.O menino, pequeno e corajoso, tremia com o corpo colado à parede. Seus olhos dourados — tão brilhantes quanto o sol nascente — estavam arregalados, cheios de medo... e algo mais. Determinação.O primeiro traidor avançou, segurando uma adaga de prata enegrecida. Aurora sentiu a bile subir à garganta. Aquela arma era feita para matar lobos como eles. Sem misericórdia. Sem chance de cura.— Agora, moleque! — rugiu o lobo
O vento da madrugada assobiava entre as torres da fortaleza.Era uma noite fria, cheia de promessas quebradas e segredos sussurrados nas sombras.Aurora acordou de repente, o coração martelando no peito.Ao seu lado, Darius já estava meio sentado, olhos dourados acesos no escuro como duas brasas.— Você sentiu? — ele perguntou, a voz rouca de preocupação.Ela assentiu.— Caelum. — disse, já jogando o cobertor de lado.O espaço vazio no quarto do pequeno era a primeira confirmação de que algo não estava certo.Darius rosnou baixo, um som instintivo, primitivo.— Ele está escondendo algo da gente. — rosnou. — E isso não é normal. Nem para um filhote precoce como ele.Aurora caminhou até a janela, os olhos vasculhando o pátio silencioso. Ela podia sentir o cheiro do filho no ar: misturado com... medo? Excitação? Culpa?— Ele não está apenas brincando. — ela murmurou. — Ele está... investigando.Darius se aproximou, as mãos fortes pousando nos ombros dela.— Talvez tenha herdado mais de v
O salão principal da fortaleza estava tomado por luz e vida naquela manhã.Aurora caminhava entre os corredores, o olhar vigilante, os sentidos sempre aguçados.Ela sentia — como uma música silenciosa — que algo no ar ainda estava errado. Mesmo com a paz aparente, o instinto primal dentro dela dizia: Cuidado.Darius a seguia de perto, o olhar de alfa endurecido, a mão sempre pronta para tocar a dela, como se a presença física fosse um juramento silencioso: Não importa o que venha, vamos enfrentar juntos.— Está inquieta. — Darius comentou, a voz grave e baixa, para que só ela ouvisse.Aurora soltou uma risada seca.— E você não está?Ele a puxou de leve para um canto onde ninguém poderia ouvi-los. Ali, de frente para a mulher que era metade de sua alma, Darius deixou cair a máscara de rei por um segundo.— Desde que você voltou, Aurora... — ele disse, os olhos fixos nos dela —, eu acordo no meio da noite com medo de perder você de novo.Ela o tocou no rosto, suave.— Não vai. — promet
Caelum acordou antes do sol.O céu lá fora ainda era um mar de breu, mas seu coração já batia como um tambor de guerra."Hoje eu começo."Vestiu uma túnica leve, puxou a capa escura que Ylva havia lhe dado — feita de lã de sombra e galhos antigos — e saiu do quarto pé ante pé, sem acordar Aurora e Darius.Era hora de investigar mais.Não bastava saber quem era o inimigo. Ele precisava saber o que pretendiam, quando agiriam... e como derrubá-los antes que sequer tivessem chance.Caminhou até os limites da fortaleza, onde o velho pomar de árvores retorcidas escondia trilhas secretas. Ali, Ylva o esperava.— Você veio. — disse a loba anciã, com um sorriso torto.Caelum assentiu, os olhos sérios.— Preciso aprender mais, rápido. Tem gente fingindo ser leal. Vão machucar minha família.Ylva cruzou os braços, avaliando-o. Ali estava o filhote... mas havia um fogo nele que a maioria dos adultos perdera há muito.— Então você vai aprender a ouvir com o corpo. — ela disse. — Não com as orelhas
A fortaleza parecia respirar naquela noite.Caelum, pequeno demais para as armaduras pesadas dos guardas, leve demais para fazer barulho, esgueirava-se pelos corredores como uma sombra viva.Ele sentia a mentira como uma mancha no ar, uma vibração errada no tecido da noite."Mamãe e papai diriam para eu não fazer isso..." pensou."Mas se eu não fizer, quem fará?"A presença falsa, detectada horas antes, ainda estava lá. Um cheiro doce demais, um sorriso muito branco, um pensamento muito limpo na superfície... e uma podridão escondida logo abaixo.Caelum usava tudo o que Ylva ensinara: andava com o vento, sentia o chão, mantinha seus sentidos como uma lâmina fina e afiada. Não precisava ver. Sabia.Passou por corredores, cozinhas, salas vazias. Subiu as escadas antigas que davam para as alas superiores da fortaleza. Ali, onde ficavam os convidados... os mais recentes.A mentira vinha dali.Caelum se escondeu atrás de uma tapeçaria quando ouviu passos. Dois guerreiros da antiga guarda d
O poder de Caelum já não podia ser ignorado.Desde a noite em que revelou a traição de Morgra, as matilhas olhavam para ele com um misto de reverência e medo. Era pequeno demais para tanto fardo. Jovem demais para carregar o peso de ver a verdade nua e crua nas pessoas.E ele sentia isso.A cada passo no corredor, a cada olhar que durava mais de um segundo… sentia os sussurros nas cabeças dos outros como se fossem gritos."Será que ele me ouve?""Será que sabe o que escondo?""E se ele me denunciar também?"Caelum se encolhia. Cada vez mais perto dos pais. Cada vez mais calado.Até que ela chegou.Chamava-se Ylva. Uma loba antiga, que vivia isolada nas montanhas ao norte, chamada por Aurora após sonhar com o antigo símbolo da Lua Sangrenta — uma marca que, no passado, representava os dons mentais dos mais raros lobos.Ylva surgiu na fortaleza como uma sombra leve. Pele marcada pelo tempo, olhos claros como vidro quebrado. Falava pouco. Observava muito.Na primeira vez que olhou para C
A lua cheia pairava no céu como um olho aberto, vigiando tudo. O território da aliança entre as duas matilhas começava a florescer com a união… mas a verdadeira mudança não estava nos adultos. Estava em Caelum.Naquela noite, ele não conseguia dormir.Sentado à beira da cama, com os olhos fixos no luar que entrava pela janela, sentia o peito apertado. Era como se algo o puxasse. Algo invisível. Algo urgente.Sem fazer barulho, desceu da cama e andou pelos corredores da fortaleza. Os guardas o deixaram passar sem questionar. Ele era Caelum. Filho da Alfa. Do Rei. Do sangue proibido.Ele caminhou até o salão dos conselhos, onde os anciões das duas matilhas discutiam acordos. Um deles, Morgra, havia insistido em reabrir negociações com antigos aliados… algo que Aurora havia negado com firmeza.Caelum se escondeu nas sombras e escutou.Morgra falava calmo. Palavras medidas. Voz respeitosa.Mas algo estava errado.As palavras dele chegavam aos ouvidos de Caelum como cacos distorcidos. Os s
O dia amanhecia em tons cinzentos. A neblina rastejava sobre o território da nova fortaleza como dedos frios tateando a terra. Era como se o próprio tempo soubesse: algo importante estava prestes a acontecer.Caelum estava no pátio de treino, acompanhando Aurora e Darius, como fazia todas as manhãs. Mesmo com apenas alguns anos — ou meses, se contados do modo humano — o menino crescia rápido. Mais alto. Mais forte. Mais consciente. E, naquele dia, inquieto.Ele caminhava entre os guerreiros, com os olhos castanhos profundos demais para a idade, observando. Mas não com o olhar curioso de uma criança. Era mais… investigativo. Atento. Como se algo estivesse errado.Aurora, notando o comportamento do filho, se aproximou.— Caelum, o que foi, meu amor? Está tudo bem?Ele a olhou, os olhos brilhando com uma mistura de inocência e algo novo… algo que ela não sabia nomear.— Tem alguém que não quer estar aqui. Tem alguém que mente — ele disse baixinho, quase como se não quisesse que o vento e
A noite caiu serena sobre o território unificado das duas matilhas. A lua cheia brilhava como se estivesse mais próxima da terra, como se observasse, silenciosa, a história sendo escrita ali. Dentro da fortaleza, na ala mais protegida, onde o silêncio era quase sagrado, Caelum repousava nos braços da mãe, enroscado como um filhote que encontra seu refúgio no cheiro de casa.Aurora estava sentada sobre um tapete felpudo diante da lareira, penteando lentamente os fios castanhos escuros do filho. Seu toque era cuidadoso, mas o olhar… o olhar era distante. Ela o encarava com uma ternura melancólica, como quem carrega amor demais no peito e medo de não ser suficiente para tudo que o futuro promete.Caelum, com os olhos já semicerrados de sono, soltou um suspiro que soou como um sussurro da própria lua.— Mamãe… — chamou baixinho, a voz carregada de inocência e um mistério que ele ainda não compreendia — …quando você chora por dentro, eu sinto. Aqui — ele apontou o pequeno peito. — Dói em m