Eu não planejei nada. Não pensei nos riscos. Não pesei as consequências. Quando deixei Isabella dormindo com Miguel enroscado no peito, eu só sabia que precisava tentar. Talvez fosse covardia. Talvez fosse o instinto de um homem exausto. Mas naquela madrugada, tudo em mim gritava o mesmo: ou ele cede, ou vai acabar em sangue.
O endereço era um dos apartamentos que Ravena mantinha como refúgio. Um prédio antigo no centro, fachada coberta de trepadeiras mortas, portaria silenciosa como um túmulo. Eu passei pelo vigia sem ser anunciado. Ele não se atreveu a me deter. Talvez soubesse que certos homens só carregam morte nos olhos.
O corredor parecia mais longo do que deveria. A cada passo, meu coração batia num compasso doente. Quando cheguei à porta, não bati. Apenas girei a maçaneta e entrei.
Ele estava sentado à mesa de jantar, sozinho, como se me esperasse. Usava uma camisa cinza, as mangas dobradas até o cotovelo. Ao me ver, ergueu uma taça de conhaque e sorriu com aquele desprezo ant