As horas seguintes ao despertar de Isabella passaram em um turbilhão de emoções que eu não sabia nomear. Ela oscilava entre a lucidez e o desespero. Choro. Silêncio. Esperança. E aquele maldito bip constante da máquina marcando o ritmo da sua fragilidade.
Eu estava ao lado dela quando a enfermeira explicou calmamente que ela ainda não podia mexer os braços.
— Vai voltar? — ela perguntou, com voz de criança ferida.
— Ainda não sabemos, querida. Cada corpo responde de um jeito.
Isabella virou o rosto para mim, os olhos inundados.
— Eu estou quebrada, Rafael.
— Você está viva. — sussurrei, afundando a mão entre os dedos dela.
Ela me olhou com uma doçura devastadora. Um sorriso fraco cortou seu rosto machucado.
— Você ficou... todo esse tempo.
— Claro que sim.
— Por quê?
Respirei fundo.
— Porque... eu não consigo ir embora. Mesmo que eu queira.
Ela fechou os olhos. Uma lágrima escorreu pela lateral do rosto.
— Isso soa como amor... ou como culpa.
— Talvez seja os dois.
E