O dia começou com o céu manchado de cinza. Uma bruma carregada pairava sobre a cidade como um presságio. Eu estava no 21º andar da minha torre de vidro, observando a cidade pulsar sob meus pés, enquanto falava sobre lucros e investimentos com homens que jamais entenderiam o verdadeiro poder. Tudo estava em seu devido lugar.
Até que a porta da sala de reuniões se escancarou com violência.
— Rafael! — Era Lúcio. O rosto pálido, a respiração cortada. O silêncio caiu sobre a mesa. Os investidores me olharam como se o mundo tivesse congelado. Eu me levantei devagar, cada passo cheio de um pressentimento insuportável.
— Fala.
— É a Isabella... O carro dela... os freios... Ela bateu em alta velocidade na descida da Serra. Está no hospital. Em estado crítico.
O tempo parou.
Por um instante, senti o sangue sumir do corpo. As paredes da sala pareciam derreter ao meu redor. Eu não pensei. Não calculei. Apenas fui.
O hospital parecia mais um cemitério branco. Paredes estéreis, luzes frias e rosto